Existem empregos e ocupações que são considerados de baixo ou alto estatuto no Islam? A ânsia de uma pessoa em lutar por uma posição alta em seu trabalho é contrária à ideia de contentamento [com o decreto divino]? Quando a ambição contradiz o contentamento? A ânsia de uma pessoa em trabalhar em empregos que são tidos em alta estima pela sociedade é contrária ao Zuhd [desapego] e faz deste mundo seu foco principal, ou isto é algo normal que não é proibido pelos ensinamentos islâmicos?
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A vida mundana é um meio de alcançar a Outra Vida
Allah fez deste mundo um meio de alcançar a Outra Vida, e um meio pelo qual uma pessoa pode se preparar para a Outra Vida. Por isso, Allah declarou em Seu Livro que Ele subjugou às pessoas a terra e tudo que há nela. Allah, Exaltado seja, diz (interpretação do significado):
“Ele é Quem criou para vós tudo o que há na terra…” [Al-Baqarah 2:29]
“Ele é Quem vos fez a terra dócil; então, andai, por seus flancos e comei de Seu sustento. E a Ele será a Ressurreição.” [Al-Mulk 67:15]
Ibn Kathir (que Allah tenha misericórdia dele) disse:
“Isto é: então, viajem por onde quiserem, de um país para outro, com o propósito de buscar diferentes tipos de ganhos e comércio.” (Tafsir Ibn Kathir, 8/179)
Importância da riqueza no Islam
Muitos versículos e Ahaadith exortam o muçulmano a buscar um meio de vida e viajar pela terra, tudo com o propósito de adquirir riqueza , não apenas para fins de acumulação, mas para que não seja necessário pedir aos outros. Também para que se possa manter laços de parentesco, praticar boas ações e obedecer ao seu Senhor.
Ibn Al-Qayyim (que Allah tenha misericórdia dele) disse, explicando a virtude e a importância da riqueza:
“Allah, Glorificado seja, chamou a riqueza de Khair (lit. “bom”) em mais de um lugar em Seu Livro, como os versos em que Ele, Exaltado seja, diz (interpretação do significado):
“É-vos prescrito, quando a morte se apresentar a um de vós, – se deixar bens, – fazer testamento aos pais e aos parentes, convenientemente. É dever que impende aos piedosos.” [Al-Baqarah 2:180]
“E, por certo, ele é veemente no amor à riqueza.” [Al-’Adiyat 100:8]
Allah, Glorificado seja, nos disse que Ele fez da riqueza um meio de manutenção da vida, e Ele nos ordenou a cuidar dela. Ele proibiu dá-la àqueles que são legalmente incompetentes entre mulheres, crianças e outros. O Profeta (que a paz e as bênçãos de Allah estejam sobre ele) elogiou a riqueza quando disse: “Quão boa é a riqueza lícita para um homem justo.” (Narrado por Ahmad com um Isnad sólido). Sa’id ibn Al-Musayyab (que Allah tenha misericórdia dele) disse: Não há nada de bom em alguém que não deseja adquirir riqueza por meios lícitos, para que ele não tenha que pedir às pessoas, e possa manter laços de parentesco através desta e dar o que é devido sobre ela. Abu Ishaq As-Subay’i (que Allah tenha misericórdia dele) disse: “Eles costumavam considerar a riqueza como uma ajuda no cumprimento dos deveres religiosos”. Muhammad ibn Al-Munkadir (que Allah tenha misericórdia dele) disse: “Que boa ajuda na manutenção da piedade é a riqueza!” Sufyan Ath-Thawri (que Allah tenha misericórdia dele) disse: “A riqueza em nosso tempo é a arma do crente”. Yusuf ibn Subat (que Allah tenha misericórdia dele) disse: “A riqueza nunca foi, em nenhum momento desde que o mundo foi criado, mais benéfica do que é neste momento”.
Allah, Glorificado seja, fez da riqueza um meio de manter o bem-estar físico e cuidar dela é um meio de manter o bem-estar espiritual, para que alguém possa aprender sobre Allah, acreditar n’Ele, crer em Seus Mensageiros, amá-Lo e se voltar para Ele. Assim, a riqueza é o meio de prosperidade neste mundo e no outro.
Benefícios da riqueza no Islam
Um dos benefícios da riqueza é que ela é a base de atos de adoração e obediência. Por meio dela, o Hajj e a Jihad se tornam possíveis; por meio dela, alguém é capaz de gastar de maneiras que são obrigatórias e encorajadas; e por meio dela, é possível praticar boas ações, como alforriar escravos, estabelecer Waqfs (doações), construir mesquitas e pontes, e outras boas ações. Por meio dela, uma pessoa se torna capaz de se casar, o que é melhor do que focar completamente em atos voluntários de adoração. Por meio dela, as pessoas alcançam dignidade; por meio dela, as pessoas são capazes de gastar generosamente; por meio dela, a honra das pessoas é protegida; por meio dela, uma pessoa pode se conectar com irmãos e amigos; e por meio dela, os justos alcançam os níveis mais altos e estarão na companhia daqueles a quem Allah favoreceu. É algo por meio do qual alguém pode ascender às câmaras mais altas do Paraíso ou cair destas para as mais baixas dentre as inferiores. Por meio dela, uma pessoa pode alcançar a glória. Uma das primeiras gerações costumava dizer: “Não há glória exceto pela ação, e não há ação exceto pela riqueza”. Um deles costumava dizer: “Ó Allah, sou um de seus servos, para quem nada é bom, exceto a riqueza. Ela pode ser um dos meios de atingir o prazer de Allah, assim como pode ser um dos meios de incorrer em Sua ira.” (‘Iddat As-Sabirin, pág. 221-223)
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Para atingir esses objetivos nobres por meio da riqueza, os Profetas se esforçaram em diferentes ocupações e ofícios, e fizeram vários tipos de trabalho. De acordo com um Hadith narrado por Abu Hurairah (que Allah esteja satisfeito com ele), o Profeta (que a paz e as bênçãos de Allah estejam sobre ele) disse: “Allah nunca enviou nenhum profeta, sem que ele cuidasse de ovelhas.” Seus companheiros disseram: Até tu? Ele (que a paz e as bênçãos de Allah estejam sobre ele) respondeu: “Sim. Eu costumava cuidar delas para o povo de Makkah em troca de algumas moedas.” (Narrado por Al-Bukhari, 2134)
Da mesma forma, nosso Profeta Muhammad (que a paz e as bênçãos de Allah estejam sobre ele) trabalhou no comércio com seu tio Abu Talib, e então trabalhou no comércio administrando a riqueza de sua esposa Khadijah (que Allah esteja satisfeito com ela), como é bem conhecido em sua biografia.
De acordo com o Hadith narrado por Abu Hurairah (que Allah esteja satisfeito com ele), o Mensageiro de Allah (que a paz e as bênçãos de Allah estejam sobre ele) disse: “Zakariyah era um carpinteiro.” (Narrado por Muslim, 2379)
Allah, Exaltado seja, nos conta sobre a obra de Dawud (que a paz esteja sobre ele), como Ele diz (interpretação do significado):
“E ensinamo-lo o oficio de fazer couraças para vós, a fim de escudar-vos contra vossa violência – Então, estais agradecidos?” [Al-Anbiya’ 21:80]
Foi narrado por Khalid ibn Ma’dan de Al-Miqdam (que Allah esteja satisfeito com ele) do Mensageiro de Allah (que a paz e as bênçãos de Allah estejam sobre ele), que disse: “Ninguém consome comida melhor do que aquela obtida com os ganhos de suas próprias mãos. O Profeta de Allah Dawud (que a paz esteja sobre ele) costumava comer com os ganhos de suas próprias mãos.” (Narrado por Al-Bukhari, 1966)
Dawud (que a paz esteja sobre ele) foi um profeta e um rei, a quem Allah deu grande domínio, mas apesar disso ele (que a paz esteja sobre ele) costumava comer dos ganhos de suas próprias mãos; ele fazia cota de malha de ferro e vendia.
O Islam afirma o princípio de viajar pela terra e buscar provisão. Ibn ‘Abbas (que Allah esteja satisfeito com ele) disse: Dhu Majaz e ‘Ukath eram mercados para as pessoas durante a Jahiliyah [a era pré-islâmica]. Quando o Islam chegou, era como se eles não gostassem disso, até que o versículo “Não há culpa sobre vós, ao buscardes favor de vosso Senhor em vossos negócios [durante o Hajj]” [Al-Baqarah 2:198] foi revelado. (Narrado por Al-Bukhari, 1681)
Os juristas e estudiosos de Hadith declararam isso. Al-Bukhari intitulou um capítulo no Livro de Vendas: Sair para fazer comércio e o versículo em que Allah, Exaltado seja, diz (interpretação do significado): “espalhai-vos pela terra e buscai algo do favor de Allah” [Al-Jumu’ah 62:10]. Então, ele citou o Hadith de Abu Mussa Al-Ash’ari com ‘Umar (que Allah esteja satisfeito com eles), e as palavras de ‘Umar: Eu estava distraído [de aprender sobre isso] fazendo negócios nos mercados. (Narrado por Al-Bukhari, 1956 e Muslim, 2153)
Ibn Hajar (que Allah tenha misericórdia dele) disse:
“Ibn Al-Munayyir disse em Al-Hashiyah: O que Al-Bukhari quis dizer, que é permitido se movimentar para fins comerciais, mesmo que a distância seja grande, é diferente do que aqueles com visões extremistas pensavam, eles nem sequer iam ao mercado.” (Fath Al-Bari, 4/349)
Al-Bukhari (que Allah tenha misericórdia dele) também incluiu capítulos com títulos como: Capítulo sobre viajar por mar para comercializar; Capítulo sobre o que foi dito sobre ourives; Capítulo sobre ferreiros; Capítulo sobre alfaiates; Capítulo sobre tecelões; Capítulo sobre carpinteiros… E assim por diante
Ao intitular assim os capítulos e listar os Ahaadith abaixo destes, Al-Bukhari (que Allah tenha misericórdia dele) queria mostrar que é prescrito trabalhar e ter uma profissão ou ocupação. Não é correto o que algumas pessoas pensam sobre o Islam não incentivar as pessoas a trabalhar e ganhar a vida.
O que muitas pessoas pensam sobre algumas ocupações serem humildes – como carpintaria, ferraria e pastoreio de rebanhos – não é correto, e para refutar essa visão é suficiente notar que essas eram as ocupações e o trabalho dos melhores dentre a criação de Allah, ou seja, os Profetas e Mensageiros (que a paz esteja sobre eles).
O que o Islam diz sobre empregos?
O Islam não impede que alguém busque uma ocupação de estatuto elevado e um bom emprego. Em vez disso, o Islam encoraja isso e incentiva o indivíduo a buscar um nível e uma situação melhores; na verdade, ele deve almejar o que é melhor e se esforçar para alcançá-lo, desde que não dê precedência a isso sobre sua fé e busca pela retidão.
Por isso, o Profeta (que a paz e as bênçãos de Allah estejam sobre ele) disse: “O crente forte é melhor e mais amado por Allah do que o crente fraco, embora ambos sejam bons.” (Narrado por Muslim, 2664) A palavra “bom” (Khair) é indefinida e inclui o que é bom neste mundo e no outro.
O Islam não aprecia que as pessoas exerçam algumas ocupações baixas e humildes, e instrui o muçulmano a se elevar acima disso, como foi dito no Hadith narrado de Ibn Muhayyisah por seu pai, que pediu ao Profeta (que a paz e as bênçãos de Allah estejam sobre ele) permissão para cobrar uma taxa pela ventosaterapia e ele lhe disse para não fazer isso. Ele continuou pedindo e buscando permissão até que o Profeta lhe disse para alimentar seu camelo e seu servo com aquilo [aqueles ganhos]. (Narrado por Muslim, 2664, e por At-Tirmidhi, 1277, que o classificou como sólido)
Ibn Hajar (que Allah tenha misericórdia dele) disse:
Os estudiosos divergiram quanto a esta questão – os ganhos de um ventosaterapeuta. A maioria era da opinião de que é permitido… E eles disseram: Eles são ganhos um tanto humildes e indignos, mas não são proibidos. Eles interpretaram a repreensão do Profeta como significando que é Makruh (desaconselhável), não proibido.” (Fath Al-Bari, 4/459)
E ele (que Allah tenha misericórdia dele) disse:
“O fato de ser humilde não significa que não seja prescrito ou permitido. O varredor de rua tem um estatuto inferior ao de um ventosaterapeuta, mas se todas as pessoas se recusassem a fazer este trabalho, isso prejudicaria a todos.” (Fath Al-Bari, 4/324)
Ibn Qudamah (que Allah tenha misericórdia dele) disse:
“Ao contrário, o Profeta (que a paz e as bênçãos de Allah estejam sobre ele) não gostava disso [ventosaterapia] para um homem livre, por pensar que isso é inferior, pois essa ocupação é considerada vil e humilde. O fato de ele tê-lo instruído a alimentar seu servo com os ganhos indica que isso é permitido. Assim, proibi-lo de comer desses ganhos deve ser entendido como algo que não é apreciado, não proibido.” (Al-Mughni, 6/133)
Assim, podemos concluir que há algumas ocupações e trabalhos que as pessoas podem tradicionalmente considerar como humildes, tal como ventosaterapia, coleta de lixo, trabalho em esgotos e assim por diante.
Mas podemos apontar o seguinte:
- O fato de serem ocupações humildes não significa que seja proibido trabalhar nelas, como explicamos acima.
- Essas ocupações podem ser apropriadas para algumas pessoas, porque elas não são boas em outras coisas, por exemplo. Portanto, fazer esses trabalhos é melhor do que ficar ocioso e desempregado e receber caridade das pessoas.
- Sem dúvida, a sociedade muçulmana precisa dessas ocupações, e elas são essenciais. Se o lixo não for coletado por alguns dias, a vida se tornará difícil naquela comunidade e levará à disseminação de doenças e epidemias. Portanto, é obrigatório que o Estado muçulmano seja generoso em pagar aqueles que fazem esses trabalhos, de modo a incentivá-los, e assim não haverá um momento em que ninguém fará esse trabalho.
- Aqueles que fazem esses trabalhos não devem se sentir envergonhados ou menosprezados, como aqueles que não tiveram oportunidade de educação, ou são fracos de espírito, ou enfrentam circunstâncias específicas que os obrigam a trabalhar nessas ocupações. Aquele que trabalha em tal ocupação é, sem dúvida, melhor do que aquele que implora às pessoas e se expõe à humilhação.
Buscar o nível mais alto em termos religiosos e mundanos contradiz com o contentamento pelo decreto divino?
O fato de o Islam incentivar o muçulmano a buscar o nível mais alto em termos religiosos e mundanos não é contrário ao contentamento com o decreto divino e o que Allah lhe concedeu, porque um dos meios de atingir isso é adotar medidas apropriadas. Portanto, adotar as medidas que Allah criou por Sua sabedoria levará, na maioria dos casos, a atingir esses objetivos.
Mas, se uma pessoa busca um meio de vida por formas diferentes do que Allah permitiu, como buscá-lo por meio de ações pecaminosas, trapaças, enganos, mentiras ou subornos, e sua principal preocupação é obter esses ganhos mundanos sem a intenção de usá-los em obediência a Allah, então isso é um sinal de descontentamento com o que Allah lhe concedeu, e ele incorreu em pecado.
O Profeta (que a paz e as bênçãos de Allah estejam sobre ele) deu uma imagem vívida da ânsia de um homem por riqueza e status. No Hadith, foi narrado que Ka’b ibn Malik Al-Ansari (que Allah esteja satisfeito com ele) disse: O Mensageiro de Allah (que a paz e as bênçãos de Allah estejam sobre ele) disse: “Dois lobos famintos enviados contra um rebanho de ovelhas não causam mais danos ao rebanho do que a ânsia de um homem por riqueza e status causa à sua fé.” (Narrado por At-Tirmidhi, 2376; classificado como autêntico por Al-Albani em Sunan At-Tirmidhi)
Shaikh Al-Islam Ibn Taimiyah (que Allah tenha misericórdia dele) disse:
“Sem dúvida, o desejo por riqueza e status neste mundo é prejudicial, como At-Tirmidhi narrou de Ka’b ibn Malik Al-Ansari (que Allah esteja satisfeito com ele), que disse: O Mensageiro de Allah (que a paz e as bênçãos de Allah estejam sobre ele) disse: “Dois lobos famintos enviados contra um rebanho de ovelhas não causam mais danos ao rebanho do que a ânsia de um homem por riqueza e status causa à sua fé.” E ele [At-Tirmidhi] disse: “É um Hadith autêntico.”
O Profeta (que a paz e as bênçãos de Allah estejam sobre ele) condenou a ânsia por riqueza e status – o que significa liderança e proeminência – e declarou que isso prejudica a fé como, ou mais do que, o dano que dois lobos famintos causam a um rebanho de ovelhas.” (Majmu’ Al-Fatawa, 20/142).
Ibn Al-Qayyim (que Allah tenha misericórdia dele) disse:
“A riqueza que é condenada é aquela que é ganha de forma inapropriada e gasta de forma inapropriada, e aquele que a ganha se torna um escravo dela, de modo que ela controla seus pensamentos e o distrai de Allah e da vida após a morte. Então, o que é condenado é aquilo que ajuda aquele que a adquire a atingir objetivos e metas corruptos, ou o distrai de objetivos e metas louváveis. O que é condenado é aquele que abusa dela, não a riqueza em si. O Profeta (que a paz e as bênçãos de Allah estejam sobre ele) disse: “Infeliz é o escravo do Dinar e do Dirham e das roupas finas.” (Narrado por Al-Bukhari, 2730) Ele condenou aquele que é escravo dessas coisas, não essas coisas em si…” (‘Uddat as-Sabirin, pág. 221, 222)
Quanto a ter pouco interesse neste mundo (Zuhd), não é contrário a buscar riqueza e trabalhar em ocupações de alto estatuto.
Finalmente, deve-se notar que buscar ocupações de estatuto elevado e posições de alto status não é permitido, exceto para quem as obtém de maneira correta e usufrui delas de maneira correta.
Quanto àquele que as obtém de maneira imprópria, ou não teme a Allah em relação a essa posição ou não a usa de maneira correta – ao invés disso, ele a usa como um meio de oprimir e suprimir as pessoas, ou menosprezá-las, ou acumular riqueza mesmo que venha de fontes proibidas – tais posições e lideranças serão uma causa de ruína no Dia da Ressurreição para aquele que as obteve.
Sobre isso, o Profeta (que a paz e as bênçãos de Allah estejam sobre ele) disse: “Tu estarás muito ansioso para atingir posições de autoridade, mas elas serão uma causa de arrependimento no Dia da Ressurreição.” (Narrado por Al-Bukhari, 7148)
Muslim (1825) narrou de Abu Dharr (que Allah esteja satisfeito com ele) que ele disse ao Profeta (que a paz e as bênçãos de Allah estejam sobre ele): Ó Mensageiro de Allah, tu não me nomearás (para uma posição de autoridade)? Ele me bateu no ombro com a mão e disse: “Ó Abu Dharr, tu és fraco e isso é uma confiança, e no Dia da Ressurreição será uma fonte de humilhação e arrependimento, exceto para aquele que assumir e cumprir todas as obrigações e cumprir todos os deveres exigidos.”
An-Nawawi (que Allah tenha misericórdia dele) disse em Sharh Sahih Muslim:
“Este Hadith oferece evidências claras de que se deve evitar posições de autoridade, especialmente no caso de alguém que é fraco e incapaz de desempenhar os deveres exigidos nessa posição. Quanto à humilhação e arrependimento, eles são inevitáveis no caso de alguém que não é qualificado para isso, ou era qualificado, mas não foi justo no cumprimento de seus deveres. Allah, Exaltado seja, o humilhará e envergonhará no Dia da Ressurreição, e ele se arrependerá de sua negligência. Quanto àquele que estava qualificado para essa posição de autoridade e foi justo no cumprimento de seus deveres, ele obterá uma recompensa imensa, como é indicado por muitos ahaadith autênticos, como o Hadith que menciona os sete a quem Allah cobrirá [com Sua sombra no Dia da Ressurreição] e outros ahaadith, e os muçulmanos concordam unanimemente sobre isso. No entanto, como há um perigo muito grande nisso, o Profeta (que a paz e as bênçãos de Allah estejam sobre ele) advertiu contra, e os estudiosos também alertaram contra isso, e muitas das primeiras gerações se recusaram a aceitar essas posições, e suportaram com paciência a perseguição que enfrentaram quando se recusaram.”
E Allah sabe mais.