Sofro de uma doença do sistema digestivo e estou sendo tratado por um médico cristão. Faço tratamento com ele há aproximadamente dois meses, pois não conheço nenhum outro médico. Então, eu descobri outro médico que é muçulmano. Devo interromper o tratamento com o médico cristão e ir ao médico muçulmano ou devo completar o tratamento com o médico cristão?
Não há nada errado em ir a um médico não muçulmano, se ele for habilidoso e confiável
Pergunta: 143890
Louvado seja Deus, e paz e bênçãos estejam sobre o Mensageiro de Deus e sua família.
Se este médico cristão é honesto, confiável e habilidoso, e você iniciou o tratamento com ele, notou progresso e melhora com este tratamento, então não há nada de errado em continuar, e não é necessário deixá-lo e para se consultar com o médico muçulmano.
Um médico brilhante – mesmo que não seja muçulmano – pode poupar muito esforço, tempo e dinheiro, e Allah, Exaltado seja, pode decretar a cura através de suas mãos.
Os muçulmanos, no passado e nos tempos modernos, sempre buscaram a ajuda de médicos qualificados – mesmo que não sejam muçulmanos.
Ibn al-Muqri' narrou em seu Mu'jam (352) que al-Mubaarak ibn Sa'id disse: “Quando Sufian – quer dizer, ath-Thawri – começou a seguir o caminho do ascetismo (zuhd), pensamos que ele estava doente, então pegamos sua urina em uma garrafa e fomos a um médico cristão, que disse: Seu companheiro não está doente; não há nada de errado com ele, exceto medo, e isso não é nada além da urina de um monge.”
Al-Mirdaawi disse: “Eu vi um médico cristão sair da casa do Imam Ahmad, acompanhado por um monge, e ele disse: Ele me pediu para trazê-lo comigo para ver Abu 'Abdillah.” (Siyar A'laam an-Nubala' 11/211).
Ibn al-Qayim (que Allah tenha misericórdia dele) disse: “O fato de que o Profeta (que a paz e as bênçãos de Allah estejam sobre ele) contratou 'Abdullah ibn Uraiqit ad-Du'ali como guia na época da Hégira, mesmo sendo um incrédulo, indica que é permitido consultar um incrédulo sobre medicina, tratamentos, escrita, contabilidade, imperfeições, dentre outros, e isso não vem sob o título de nomeação a cargos de autoridade que exigem um muçulmano de bom caráter. O fato de ele ser um incrédulo não significa que ele não possa ser confiável em nada, pois não há nada mais crucial do que guiar as pessoas em uma jornada, especialmente em uma jornada tão importante quanto a Hégira.” (Badaa'i' al-Fawaa'id 3/725).
Ibn Muflih disse, citando Shaikh al-Islam Ibn Taimiyah:
“Se um judeu ou cristão é um especialista em medicina e o indivíduo confia nele, é permitido que ele o consulte, assim como também é permitido confiar-lhe riquezas e negociar com ele, como Allah, Exaltado seja, diz (interpretação do significado):
{E, dentre os seguidores do Livro, há quem, se lhe confiares um quintal de ouro, restituir-te-á, e, dentre eles, há quem, se lhe confiares um dinar, não te restituirá} [Aal ‘Imraan 3:75].
Se ele puder encontrar um muçulmano para lhe oferecer tratamento médico, e se puder encontrar um muçulmano para confiar sua riqueza ou fazer negócios, então ele não deve procurar mais ninguém. Mas, se ele precisa confiar parte de sua riqueza ou buscar tratamento médico junto a um kitaabi (alguém dentre os Povos do Livro), ele pode fazer isso, e isso não vem sob o título de tomar judeus e cristãos como aliados – o que é proibido. E caso se dirijam mutuamente de maneira gentil, isso é suficiente.” (Al-Aadaab ash-Shar'iyyah 3/76).
Shaikh Ibn ‘Uthaimin (que Allah tenha misericórdia dele) foi perguntado:
É permitido que uma mulher muçulmana seja tratada por uma mulher cristã?
Ele respondeu:
“Se ela é confiável, não há nada errado com isso. A evidência disso é o fato de que quando o Mensageiro (que a paz e as bênçãos de Allah estejam sobre ele) viajou de Makkah à Madina na Hégira, ele contratou um mushrik (incrédulo) chamado 'Abdullah ibn Uraiqit, da tribo de Banu ad-Dail, para atuar como seu guia na jornada.” (Liqa' al-Baab al-Maftuh 2/56).
Pedimos a Allah que lhe conceda cura e bem-estar.
A Fonte:
Islam Q&A