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354615/06/2013

Diretrizes sobre o tipo de interpretação errônea que não constitui kufr por parte daquele que segue essa má interpretação, e alguns outros comentários sobre esta questão

Pergunta: 192564

No seu site você discutiu muito bem em pormenor, em várias fatawa, a questão de desculpar aquele que segue noções equivocadas com base na ignorância e de como estabelecer provas com relação a este assunto (de modo que a pessoa não tem desculpa para continuar seguindo essa noção equivocada). Mas eu não encontrei diretrizes claras neste site com relação a como devemos abordar a questão de quem baseia sua opinião em uma interpretação errada. Eu li sobre este assunto, mas eu encontrei algumas contradições ao aplicar o que eu li de alguns sábios que discutem a abordagem certa. Por exemplo, alguns sábios dizem que se a interpretação errônea de um texto é uma interpretação válida do ponto de vista linguístico, então podemos desculpá-los com base nisso, mas se não é válida do ponto de vista linguístico, então não podemos desculpá-los e devemos considerá-los como kuffar (incrédulos). Mas quando se trata da aplicação desta orientação para os Ash’aris (escola de pensamento baseada no pensamento lógico), que interpretam a ideia de istiwa’ (Allah está acima do Trono) como significando que Ele “ganhou o controle”, você descobre que ao refutá-los, eles dizem: Isto é algo para o qual não há base linguística, mas apesar disso eles não consideram como kuffaar aqueles que negam a ideia de Allah ser o Altíssimo, embora o Shaikh al-Islam (Ibn Taimiyah) tenha narrado de Abu Hanifah o ponto de vista de que aquele que nega a ideia de Allah ser o Altíssimo é um kaafir (incrédulo). Gostaríamos de algum esclarecimento com relação aos sábios que julgam muitas seitas, como os Jahamis e Qadaris, como kuffar. Está provado por algum dos sábios que ele considerava os Ash’aris como kuffar?

Louvado seja Deus, e paz e bênçãos estejam sobre o Mensageiro de Deus e sua família.

Este
assunto é muito importante, e nós o discutiremos nos pontos seguintes:

-1-

Não
há diferença entre desculpar uma pessoa por formar uma ideia errônea
baseada na interpretação errada e desculpá-la por sua ignorância
religiosa; na verdade, quem baseia sua ideia errada na má
interpretação é mais merecedor de ser desculpado daquele que é
ignorante, porque ele não é ignorante do que ele tem que acreditar; ao
contrário, ele acredita que (o que quer que ele acredite) é verdade, e
ele cita evidência para isso e a defende. Não faz diferença se o assunto
em questão, para o qual aquele que baseia sua ideia em uma
interpretação errônea, é uma questão prática ou
teórica.

Shaikh
al-Islam Ibn Taimiyah (que Allah tenha misericórdia dele) disse: Aquele
que baseia sua ideia em uma intepretação errada, se sua intenção
é seguir o Mensageiro (que a paz e as bênçãos de Allah estejam sobre
ele), ele não deve ser considerado como um kaafir ou como um malfeitor,
se ele tentou resolver o assunto, mas o entendeu errado. Isto é algo que é bem
estabelecido dentre as pessoas com relação aos assuntos práticos.
Com relação às questões de crença, muitas pessoas consideram como
um kaafir aquele que tem noções equivocadas sobre estas, mas esta
opinião não é conhecida de qualquer um dos Sahaabah ou daqueles
que os seguiram na verdade, ou de qualquer um dos principais sábios dos
muçulmanos. Em vez disso, esta era originalmente uma das visões dos
inovadores.

Fim da
citação de Minhaaj as-Sunnah (5/239).

-2-

Isto
não significa que eles não mereçam o castigo hadd (ou seja, a
punição revelada), como foi dado o castigo hadd a Qudaamah ibn Maz’um,
em relação à sua opinião que se baseou em sua má
interpretação sobre o consumo de álcool – e isso não
significa que eles não mereçam castigo e culpa, ou mesmo que suas ideias
não mereçam ser descritas como desvio ou descrença, como veremos em
detalhes abaixo. Na verdade, o assunto pode chegar ao nível de
combatê-los, porque o objetivo por trás disso é desencorajar as pessoas
desta inovação e proteger a religião do Islam.

Shaikh
al-Islam Ibn Taimiyah (que Allah tenha misericórdia dele) disse: O que
eu mencionei – sobre um muçulmano que abandona algum assunto obrigatório
ou faz alguma ação proibida baseado em intepretação errada e
conclusões erradas, ou como um resultado por seguir a opinião de
outros – está claro na minha mente. Tal pessoa está em uma
posição mais favorável, com relação à sua opinião,
do que o incrédulo que baseia sua incredulidade na interpretação e
noções erradas. Mas isso não exclui a luta contra aquele que
transgrida (contra os muçulmanos) e mantenha opiniões baseadas em
má interpretação, ou açoite aquele que bebe álcool e
acredita que isso seja permitido com base em interpretações errôneas,
etc., pois a intepretação errada não dispensa punição neste
mundo, em todos os casos, pois o objetivo da punição é repelir o dano
que pode ser causado pela ação do transgressor.

Fim da
citação de Majmu‘ al-Fataawa (22/14) 

E ele
(que Allah tenha misericórdia dele) disse:

No que
diz respeito àquele que exibe abertamente o que pode ser prejudicial (quanto a
ações ou crenças), seu dano deve ser repelido, mesmo que seja por meio
de puni-lo, e se ele é um muçulmano malfeitor ou pecador, ou um homem de bom
caráter que tentou resolver o problema, mas errou, e, na verdade, mesmo
que ele seja um homem justo ou um sábio, se é alguém sobre quem temos
poder ou não (ainda devemos tentar repelir o seu mal)… Da mesma forma,
quem promove bid’ah que pode prejudicar as pessoas em relação ao seu
bem-estar religioso deve ser punido, ainda que ele possa ser desculpado por ter
tentado resolver o problema (mas entendeu errado) ou por ter seguido a
opinião de outra pessoa.

Fim da
citação de Majmu‘ al-Fataawa (10/375).

-3-

Nem toda
interpretação alternativa é justificável ou desculpável de
acordo com a shari’ah. Nenhuma interpretação alternativa é
aceitável com respeito ao duplo testemunho de fé, à Unicidade de Allah,
Exaltado seja, à afirmação da mensagem do Profeta (que a paz e as
bênçãos de Allah estejam sobre ele), à ressurreição, ou ao
Paraíso e o Inferno. Chamar isso de interpretação alternativa em
primeiro lugar não é aceitável; antes, é uma abordagem baatini
(esotérica) e herética que leva à invalidação da religião. 

Abu
Haamid al-Ghazaali (que Allah tenha misericórdia dele) disse: É
essencial apontar outro princípio, o qual é que se uma pessoa tem uma
opinião que é contrária a um texto mutawaatir* e afirma que é
apenas uma interpretação alternativa, mas seu ponto de vista que se
baseia em interpretações errôneas está muito distante do
significado linguístico, e não está perto de todo, ao contrário,
é completamente inverossímil, isto equivale a kufr e quem mantém essa
opinião é um mentiroso, mesmo que ele alegue basear sua opinião
em sua própria interpretação. Um exemplo disto é o que li nas
palavras de alguns dos Baatinis, que Allah, Exaltado seja, é Único no
sentido de que Ele concede e cria unicidade, e Ele é Onisciente no sentido que
Ele concede conhecimento aos outros e o cria, e Ele existe no sentido de que
Ele traz outros à existência. Mas quanto a Ele ser Único em Si mesmo, ou
existir ou ser Onisciente no sentido de que este é Seu próprio atributo,
isso não é correto de acordo com a opinião deles. Isto é kufr
flagrante, porque interpretar a unidade criando a unidade não pode ser
uma intepretação alternativa, de maneira alguma, e isto não tem
base na linguística do idioma árabe, e não é
possível sequer interpretá-lo desta maneira. Estes são
exemplos de palavras da incredulidade descritas como interpretações
alternativas.

* Mutawaatir: tipo de transmissão de
ahaadith que são relatados e transmitidos por grandes números de
pessoas, de cadeia por cadeia de transmissão, em todas as
gerações, por transmissão oral – portanto, não há
possibilidade nenhuma de haver mentira na cadeia de transmissão, devido
ao número enorme de pessoas envolvidas.

Fim da
citação de Faysal at-Tafriqah (p. 66, 67). 

Ibn al-
Wazir (que Allah tenha misericórdia dele) disse: Da mesma forma,
não há diferença de opinião quanto ao kufr de quem rejeita
o que é bem conhecido e bem estabelecido a todos, e tenta escondê-lo com a
desculpa de dar sua própria interpretação em relação a
algo que não pode ser interpretado de qualquer forma que não seja
o seu significado aparente, como os hereges em sua interpretação errônea
de todos os nomes divinos, e até de todo o Alcorão e de todas os
pareceres do Islam, e assuntos da outra vida como a ressurreição e o
Paraíso e o Inferno.

Fim da
citação de Ithaar al-Haqq ‘ala al-Khalq (p. 377).

-4-

O tipo de
interpretação que pode ser válida é aquela que não
debilita a religião do Islam, é aceitável numa base
linguística de acordo com as regras da língua árabe, e
quem mantém esta opinião pretende sinceramente buscar a verdade conforme
os princípios do conhecimento. Essas pessoas têm uma desculpa
válida se sua interpretação vir a ser errada. Esta é a mesma
desculpa que os sábios mencionaram com relação às razões
pelas quais os sábios podem ter pontos de vista diferentes sobre
questões práticas.

Shaikh
al-Islam (que Allah tenha misericórdia dele) disse: É assim que
devemos examinar as declarações das pessoas nos casos em que aquele que
sustenta essa opinião se torna um kaafir. Os textos que poderiam ajudar
uma pessoa a chegar à conclusão certa podem não ter chegado a um
sábio; ou ele pode ter tido conhecimento deles, mas eles não lhe
foram provados para serem confiáveis ou ele não foi capaz de
compreendê-los; ou ele pode ter desenvolvido algum mal-entendido pelo qual
Allah pode desculpá-lo. Quem dentre os crentes se empenha em buscar a
verdade, mas depois chega a uma conclusão errada, Allah perdoará
seu erro, não importa o que seja, se tem a ver com questões
teóricas ou práticas. Esta é a opinião dos Companheiros do
Profeta (que a paz e as bênçãos de Allah estejam sobre ele) e a maioria
dos principais sábios do Islam.

Fim da
citação de Majmu‘ al-Fataawa (23/346). 

Al-Haafiz
Ibn Hajar (que Allah tenha misericórdia dele) disse: Os sábios
disseram: Qualquer um que chegue a uma conclusão errada, mas pode ser
desculpado por sua má interpretação, não é um pecador,
desde que sua interpretação possa ser válida do ponto de vista
linguístico e que ele tenha certo grau de conhecimento.

Fim da
citação de Fath al-Baari (12/304).

-5-


um hadith sahih que indica que se uma pessoa tem uma opinião errada
sobre ‘aqidah (crenças) que é baseada em interpretação errada, se essa
má interpretação não levará a fazer a
religião parecer sem sentido, então esta pessoa não é
kaafir. Esse é o hadith no qual o Profeta (que a paz e as bênçãos de
Allah estejam sobre ele) disse: “Os judeus se dividiram em setenta e uma
seitas, uma das quais estará no Paraíso e setenta no Inferno. Os
cristãos se dividiram em setenta e duas seitas, setenta e uma delas
estará no Inferno e uma no Paraíso. Minha ummah se
dividirá em setenta e três seitas, uma das quais estará no
Paraíso e setenta e duas no Inferno.” Foi dito: Ó Mensageiro
de Allah, quem são eles? Ele disse: “O jamaa’ah (o corpo principal
dos muçulmanos).” Narrado por Ibn Maajah (3992); classificado como sahih
por al-Albaani.

Abu
Sulaimaan al-Khattaabi (que Allah tenha misericórdia dele) disse: As
palavras “Minha ummah se dividirá em setenta e três seitas”
indica que todas estas seitas não estão fora dos limites do
Islam, porque o Profeta (que a paz e as bênçãos de Allah estejam sobre
ele) descreveu todas elas como sendo parte de sua ummah. Isso indica que aquele
que sustenta uma opinião que é baseada em alguma interpretação
não ultrapassa os limites do Islam, mesmo que ele esteja equivocado em
sua interpretação.

Fim da
citação de Ma‘aalim as-Sunan de al-Khattaabi (4/295). Consulte também:
as-Sunan al-Kubra  de al-Bayhaqi (10/208).

Ibn
Taimiyah (que Allah tenha misericórdia dele) disse: O mesmo se aplica a
todas as setenta e duas seitas: quem dentre estas for um hipócrita é
interiormente um incrédulo, e quem não é um hipócrita – ao
contrário, acredita em Allah e em Seu Mensageiro interiormente –
não é um incrédulo interiormente, mesmo que ele esteja errado em alguns
pontos de vista que são baseados em má interpretação,
não importa quão sério é seu erro.

Quem diz
que cada uma das setenta e duas seitas é incrédula, cujo kufr (incredulidade)
os coloca além dos limites do Islam, foi contra o Alcorão e Sunnah e o
consenso dos Sahaabah (que Allah esteja satisfeito com eles), e, efetivamente,
o consenso dos quatro imams e outros. Não há ninguém dentre eles que
tenha considerado cada uma das setenta e duas seitas como incrédula; ao invés
disso, essas seitas podem se considerar mutuamente como incrédulas, por causa
de suas opiniões e crenças.

Fim da
citação de Majmu‘ al-Fataawa (7/218, 219).

-6-

Aqueles
dentre os sábios que decidiram que parte dos que seguem a
inovação – que não constitui incredulidade – é kaafir,
referiam-se ao kufr de um grau menor do que aquele que coloca alguém além dos
limites do Islam.

Imam
al-Baihaqi (que Allah tenha misericórdia dele) disse: O que temos
narrado a partir de ash-Shaafa’i e outros imams sobre considerar esses
inovadores como kuffaar se refere apenas a formas menores de kufr.

Fim da
citação de Sunan al-Bayhaqi al-Kubra (10/207). 

Imam
al-Baghawi (que Allah tenha misericórdia dele) disse: ash-Shaafa’i
considerou lícito aceitar o testemunho dos inovadores e rezar
atrás deles, sem restrições, mesmo que ele o tenha considerado
como makruh. Este ponto de vista indica que, se ele descreve alguns deles como
kuffar em qualquer ocasião, o que ele quis dizer foi kufr menor, como no
versículo em que Allah, Exaltado seja, diz (interpretação do
significado): “…E quem não julga conforme o que Allah fez descer,
esses são os renegadores da Fé (ou seja, incrédulos – de um grau menor,
visto que eles não agem sobre Leis de Allah)”[al-Maa’idah 5:44].

Fim de
citação de Sharh as-Sunnah (1/228).

Iman
ash-Shaafa’i talvez tenha usado a palavra kufr como forma de alertar sobre essa
crença.

Shaikh
al-Islam Ibn Taimiyah (que Allah tenha misericórdia dele) disse:

Pode ser
narrado a partir de um deles que ele considerou com um kaafir aquele que
sustentou alguma opinião, mas o que ele quis dizer foi que esta
opinião constituía kufr, de forma a alertar contra isso; isso
não quer dizer necessariamente que se uma opinião constitui kufr,
todos que a sustentam como o resultado de ignorância ou má
interpretação de um texto são considerados como kuffar. Afirmar
kufr no caso de um indivíduo em particular é como uma confirmação
de que ele é merecedor de punição na outra vida – e não há
condições específicas e impedimentos com relação a fazer
isso.

Fim da
citação de Minhaaj as-Sunnah an-Nabawiyyah (5/240)

-7-

Com
relação à diferença de opinião entre os principais sábios,
com respeito ao povo da bid’ah (inovação), que acredita em uma ideia que
constitui kufr, e se eles são kuffar ou não, essa se baseia na
diferença entre considerar a opinião como constitutiva de kufr e
considerar um indivíduo em particular como um kaafir. Eles podem decidir
que uma crença particular constitui kufr por si só, mas não
aplicam a decisão de kufr a qualquer indivíduo específico
que acredite nessa opinião, a menos que as condições sejam
atendidas e os impedimentos estejam ausentes.

Shaikh
al-Islam Ibn Taimiyah (que Allah tenha misericórdia dele) disse:

Mas o que
estamos tentando dizer aqui é que a opinião dos principais sábios
sobre takfir (julgar uma pessoa como kaafir) são baseadas em suas
diferenciações entre a ideia e o indivíduo que sustenta esta
opinião. Consequentemente, parte deles narrou que havia certa
controvérsia com relação a este assunto, mas estas pessoas não
entenderam corretamente o que eles disseram. Alguns narraram dois relatos de
Ahmad, sobre a questão de considerar o povo da bid’ah como kaafir em
todos os casos, ao ponto que parece que havia um conflito ente estes dois
relatos sobre se os Murji’ah e os Shi’ah, que dão preferência a ‘Ali,
serem considerados como kuffaar. Talvez este grupo (que narrou dois relatos)
pensou que eles deveriam ser considerados como kuffaar que morarão para
sempre no Inferno, mas esta não é a opinião de Ahmad ou quaisquer
outros principais sábios do Islam. Ao contrário, a opinião
dele é definitivamente que ele não considerou como kuffaar aqueles que
deram precedência a ‘Ali sobre ‘Uthmaam. Ao invés disso, suas
declarações claramente indicam que devemos nos abster de considerar os
Khaarijis, Qadaris e outros como kuffaar, e ele apenas considerou como kuffaar
os Jahamis que negaram os nomes e atributos de Allah, porque as opiniões
deles são claras e obviamente contrárias àquilo que foi trazido
pelo Mensageiro (que a paz e as bênçãos de Allah estejam sobre ele), e
porque a realidade da opinião deles é que ela leva à negação do
Criador. Ele tinha lidado com eles e sabia sobre sua realidade e que suas opiniões
se resumiram a negar o Criador. Além disso, considerar os Jahamis como kuffaar
era algo que era bem comprovado e foi narrado das primeiras gerações e
dos sábios proeminentes, mas ele não considerou pessoas
específicas dentre eles como kuffar, porque aquele que promove uma
opinião é pior do que aquele que meramente a mantém, e o inovador que
persegue quem discorda dele é pior do que aquele que meramente chama para isso,
e aquele que descreve como kaafir alguém que discorda dele é pior do que quem
meramente o persegue. Além disso, aqueles que estavam no poder (na época de
Ahmad) tinham opiniões Jahami, que o Alcorão foi criado, e que
Allah não seria visto na Outra Vida, e assim por diante, e eles chamaram
as pessoas para isso, e as julgariam e puniriam se não concordassem com
eles, e eles consideravam como kuffar todos aqueles que não concordavam
com eles, ao ponto que se prendessem alguém eles não o deixariam ir até
que ele aceitasse a opinião Jahami que o Alcorão foi criado, e
assim por diante. Eles não nomeariam ninguém para uma posição de
autoridade ou dariam qualquer soldo do bait al-maal a ninguém, a menos que
tivesse essas opiniões. Mas, apesar disso, Imam Ahmad (que Allah tenha
misericórdia dele) rezaria por misericórdia e perdão por
eles, porque sabia que não lhes era claro que estavam descrendo no
Mensageiro (que a paz e as bênçãos de Allah estejam sobre ele) e
rejeitando o que ele trouxe; em vez disso, eles basearam suas opiniões
na interpretação de algum texto, mas o entendiam errado e seguiam aqueles
que lhes ensinara isso.

Da mesma
forma, quando Hafs al-Fard disse que o Alcorão foi criado, ash-Shaafa’i
lhe disse: Você descreu em Allah, o Todo-Poderoso, e ele explicou-lhe que
aquela opinião representava kufr. Mas ele não decidiu que Hafs
tinha apostatado apenas porque ele mantinha aquela opinião, pois ainda
não havia sido estabelecida prova para ele tal que pudesse ser
considerado kaafir, caso a rejeitasse. Se ash-Shaafa’i acreditasse que ele era
um apóstata, ele teria tentado executá-lo. E ele claramente
afirmou em seus livros que o testemunho dos que seguem bid’ah deve ser aceito,
e orações podem ser oferecidas atrás deles.

Fim da
citação de Majmu‘ al-Fataawa (23/348, 349).

-8-

Com
relação às opiniões dos Ash’aris em particular, não pode
haver dúvidas de que eles têm algumas noções erradas em suas
crenças que são contrárias às crenças das primeiras
gerações, e eles têm figuras proeminentes dentre os sábios a quem
eles referem e seguem, mas eles não todos do mesmo nível com
relação às crenças; ao contrário, existem algumas escolas de
pensamento diferentes entre eles. Aqueles dentre eles que mais se aproximam das
três melhores gerações, são os que dentre eles estão mais
próximos da verdade. Ao aplicar o argumento mencionado acima (sobre a
diferenciação entre ideias e indivíduos) aos Ash’aris, podemos
perceber que nenhum dos sábios que considerou parte do que disseram como
kufr estava apenas se referindo a elementos de kufr em suas ideias, e isso
não significa que ele decidiu que eles mesmos, como indivíduos,
tornaram-se kuffar por causa disso, e não quis dizer que alguém que
mantem esta opinião é um kaafir. Ele estava se referindo a um tipo menor
de kufr.Este grupo não é uma das
seitas que estão além dos limites do Islam, e seus indivíduos
não são kuffar. Em vez disso, eles devem ser desculpados, porque
eles baseiam suas ideias em alguma interpretação errada com respeito ao
que discutiram de assuntos e crenças.

Shaikh
al-Uthaymin (que Allah tenha misericórdia dele) disse: Não sei de
ninguém que considera os Ash’aris como kaafirs.

Fim de
citação de Thamaraat at-Tadwin (nº 9), do Dr. Ahmad ibn ‘Abd
ar-Rahmaan al-Qaadi.

-9-

Podemos
resumir o parecer shar’i sobre os grupos inovadores citando o que o Shaikh ‘Abd
ar-Rahmaan as-Sa’di (que Allah tenha misericórdia dele) disse em um
comentário claro e acadêmico:

Quem nega
o que o Mensageiro (que a paz e as bênçãos de Allah estejam sobre ele)
trouxe, ou nega parte disso, sem basear-se em alguma interpretação
errônea de um texto do povo da bid’ah, é um kaafir, porque não acreditou
em Allah e Seu Mensageiro, e é muito arrogante e teimoso para aceitar a
verdade.

(a) Com
relação ao inovador dentre os Jahamis, Qadaris, Khaarijis, Raafidis e
sua laia, se ele sabe que sua inovação é contrária ao
Alcorão e à Sunnah, e ainda persiste nela e a apoia, então ele é
um descrente em Allah, o Todo-Poderoso, e está se opondo a Allah e Seu
Mensageiro depois da orientação verdadeira tornar-se clara para ele.

(b) Se
uma pessoa dentre os inovadores acredita em Allah e Seu Mensageiro, tanto
exterior quanto internamente,e ele
venera Allah e Seu Mensageiro, e é fiel ao que foi trazido pelo Mensageiro (que
a paz e as bênçãos de Allah estejam sobre ele), mas ele desenvolve uma
noção ou prática que é contrária à verdade, e se engana em
algumas das suas conclusões, e está errado em parte das suas
interpretações, sem desacreditar ou rejeitar a orientação que
está clara para ele, então ele não é um kaafir, mas ele é
malfeitor e um inovador, ou ele é um inovador desencaminhado, ou pode ser perdoado
porque o assunto era muito sutil e ele se esforçou para descobrir o que estava
correto, mas não conseguiu.

Consequentemente,
os Khaarijis, Mu’tazilah, Qadaris e outros seguidores de bid’ah são
considerados como sendo de diferentes categorias:

(a) Parte
deles é, sem dúvidas, kaafir, tal como o Jahamis radicais que negaram os
nomes divinos e atributos, embora tenham percebido que suas inovações
eram contrárias ao que foi trazido pelo Mensageiro (que a paz e as
bênçãos de Allah estejam sobre ele). Essas pessoas conscientemente
não acreditavam no Mensageiro.

(b)
Alguns deles são inovadores desencaminhados e malfeitores, tal como os
Khaarijis que basearam suas opiniões erradas na má
interpretação, e os Mu’tazilah que não descreem no Mensageiro,
mas eles foram desencaminhados por causa de suas inovações, e pensavam
que eles estavam seguindo a verdade. Logo, os Sahaabah (que Allah esteja
satisfeito com eles) concordaram unanimemente que os Khaarijis eram inovadores
e rebeldes, como foi narrado nos ahadith sahih que falam deles. Mas eles também
estavam unanimemente de acordo que estes não estavam além dos limites do
Islam, embora considerassem como permissível derramar o sangue dos
Muçulmanos, e eles negaram que a intercessão pode ser garantida àqueles
que cometem pecados maiores, e eles negaram muitos outros fundamentos da
religião. Mas, porque eles basearam suas opiniões em suas
interpretações errôneas de algum texto, eles não podem ser
considerados como kuffar.

(c)
Alguns dos inovadores mantinham ideias que eram menos graves do que isso, como
muitos dos Qadaris, e os Kilaabis e Ash’aris. Estas pessoas são
inovadoras e estão desencaminhadas com relação a certas
questões fundamentais, nas quais desenvolveram opiniões que eram
contrárias ao Alcorão e a Sunnah. Isto é algo que é bem sabido e
bem definido. A inovação delas é de diferentes níveis, de acordo
com o quão longe ou perto da verdade estão, e de acordo com as
suas transgressões contra os seguidores da verdade ao rotulá-los
como kuffaar, malfeitores ou inovadores, e de acordo com suas habilidades em
chegar à conclusão correta e seus esforços para fazerem assim ou de
outra forma. Uma discussão detalhada deste assunto levaria muito tempo.

Fim da
citação de Tawdih al-Kaafiyah ash-Shaafiyah (156-158).

Esperamos
que o que mencionamos acima tenha esclarecido o assunto para você. Pedimos que
Allah nos ajude e a você a alcançar o conhecimento benéfico e a praticar
ações justas.

E Allah
sabe melhor. 

A Fonte

Islam Q&A

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