Nasci em uma família cristã e também fui cristã, mas depois de muito pensar, agora decidi, enquanto estou escrevendo minha pergunta, tornar-me muçulmana e testemunho que não existe deus digno de adoração exceto Allah e que Muhammad é o Mensageiro de Allah. Entretanto, nunca poderei praticar meu Islam abertamente, porque juro que meu pai me expulsará de casa. No passado, um amigo meu, um colega muçulmano que estudava comigo, me deu uma cópia do Alcorão, mas meu pai o rasgou e jogou fora, e ameaçou me expulsar de casa. Porém, o que me preocupa é que tenho algumas objeções em relação a algumas coisas que sinto que me impedirão de me tornar muçulmana. Ou seja, não estou convencida sobre possuir escravos, e algumas outras coisas, como bruxaria e gênios, e – em particular – o apedrejamento de apóstatas, porque essas coisas me fazem sentir que estou me envolvendo em uma ideologia e religião que, se eu a deixar, serei morta. Quando perguntei ao imam de uma mesquita sobre isso, ele me disse que eu tenho que estar convencida do que o Islam trouxe, sem pensar. Mas se eu tivesse seguido essa lógica quando era cristã, nunca teria pensado em abraçar o Islam, em primeiro lugar. Por exemplo, se estou convencida do Islam de forma racional, tenho o direito de me opor a algumas das coisas que ele diz. Esses pensamentos e objeções simples significam que ainda sou uma incrédula pela visão do Islam?
Ela quer abraçar o Islam, porém não está convencida sobre a execução do apóstata, a posse de escravos, a feitiçaria e os gênios
Pergunta: 371639
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Em primeiro lugar:
Nós a parabenizamos por este pensamento correto, e pedimos a Allah que a pegue pela mão, guie, conduza à Sua religião e afaste de você os sussurros do Shaitan.
Em segundo lugar:
O Islam é baseado na servidão a Allah, exaltado seja, e na submissão aos Seus comandos. Portanto, todo aquele que acredita em Allah como seu Senhor e em Muhammad (que a paz e as bênçãos de Allah estejam sobre ele) como seu Profeta, deve se submeter a tudo que Allah e Seu Mensageiro (que a paz e as bênçãos de Allah estejam sobre ele) disseram – se o hadith for autêntico, narrado pelo Mensageiro de Allah, mesmo que não se compreenda a sabedoria contida. Mas, no que diz respeito à maioria das questões islâmicas sobre as quais algumas pessoas têm objeções, a sabedoria por trás delas é conhecida, mas a razão não pode compreender os detalhes disso a menos que se acredite que tudo o que o Islam decreta está de acordo com a sabedoria.
A ânsia do Islam em libertar escravos
Uma dessas questões é a questão de possuir escravos. Quando o Islam veio, a escravidão era generalizada em todas as sociedades, mesmo entre os seguidores de leis divinamente reveladas (judeus e cristãos). O Islam prescreveu ensinamentos que levaram à libertação de um grande número de escravos e até mesmo levaram à libertação da maioria deles com o passar do tempo – o que de fato aconteceu. O Islam encorajou as pessoas a alforriar escravos e afirmou que a recompensa por isso é imensa. A lei islâmica prescreve a alforria de escravos como expiação em vários casos, como: assassinato, zihaar [uma forma jaahili, ignorante, de divórcio em que um homem diz à esposa: Você é para mim como as costas de minha mãe], relações sexuais durante o dia no Ramadan e expiação por quebrar um juramento. Se a escravidão existisse hoje, seria mais fácil para muitas pessoas alforriar escravos do que jejuar por dois meses consecutivos!
Consequentemente, a escravidão praticamente desapareceu das sociedades muçulmanas, antes que os Estados-nação a abolissem.
Além disso, o Islam prescreveu regras e etiquetas que elevaram o escravo ao nível de homens livres em muitas situações. Proibia espancar e humilhar escravos e instruía os senhores a darem a seus escravos a mesma comida que comiam, a vesti-los com as mesmas roupas que usavam e a não os sobrecarregar com mais do que são capazes. Na verdade, o Islam afirmou que a expiação para quem estapeia ou bate em seu escravo é libertá-lo.
Não há espaço aqui para citar todos os textos que falam disso, mas vamos citar alguns deles, para que você possa entender o quão forte é o Islam quanto à libertação dos escravos, e quanto às instruções que deu aos senhores para tratar os escravos com bondade e gentileza.
Al-Bukhari (6715) e Muslim (1509) narraram de Abu Hurairah (que Allah esteja satisfeito com ele) que o Profeta (que a paz e as bênçãos de Allah estejam sobre ele) disse: “Quem libertar um escravo crente, Allah resgatará cada um de seus membros do Fogo em correlação a cada um dos membros do escravo, até mesmo a parte íntima dele comparada à parte íntima do escravo”.
Muslim (1657) narrou que Ibn ‘Umar (que Allah esteja satisfeito com ele) disse: Eu ouvi o Mensageiro de Allah (que a paz e as bênçãos de Allah estejam sobre ele) dizer: “Quem quer que dê um tapa ou bata em seu escravo, a expiação para isso é libertá-lo”.
At-Tirmidhi (1542) narrou que Suwaid ibn Muqarrin al-Muzani (que Allah esteja satisfeito com ele) disse: “Lembro-me de quando éramos sete irmãos e só tínhamos uma serva. Um de nós deu um tapa nela, então o Profeta (que a paz e as bênçãos de Allah estejam sobre ele) nos instruiu a alforriá-la”.
Al-Bukhari (30) e Muslim (1661) narraram que al-Ma’rur ibn Suwaid (que Allah esteja satisfeito com ele) disse: Eu conheci Abu Dharr em al-Rabadhah. Ele estava usando um hullah (terno) e seu escravo também estava usando um hullah. Eu perguntei a ele sobre isso, e ele disse: Eu troquei insultos com um homem e o envergonhei por causa da mãe dele. O Profeta (que a paz e as bênçãos de Allah estejam sobre ele) disse-me: “Ó Abu Dharr, tu o envergonhaste por causa da mãe dele? Tu és um homem que possui alguma ignorância. Teus servos são teus irmãos a quem Allah colocou sob teu controle, então quem quer que tenha seu irmão sob seu controle, que o alimente com o que ele próprio come e que o vista com o que ele próprio veste, e não o sobrecarregue com mais do que eles podem suportar, e se os sobrecarregar, então que os ajude”.
Em uma série de perguntas anteriores, discutimos esse assunto e explicamos que isto é uma das belezas do Islam.
Em terceiro lugar:
A sabedoria por trás da prescrição da punição hadd para apostasia
No que diz respeito à execução do apóstata, é algo que indica quão sábio e perfeito é este sistema islâmico de direito, visto que toma medidas para preservar a religião e mostra cuidado com o próprio indivíduo. Pois, esta punição protege o indivíduo de obedecer ao Shaitan que o incita à apostasia. Se o crente perceber que há punição de execução por apostasia, ele pensará muito e longamente, e é mais provável que suas dúvidas se dissipem e a sociedade se mantenha protegida, porque a apostasia desperta dúvidas nas pessoas de fé fraca, especialmente se houver muitas pessoas que apostatem, então, os outros pensarão: “Se esta religião não fosse falsa, essas pessoas não a teriam abandonado”. Allah, glorificado seja, é muito misericordioso para com Seus servos e não se agrada da incredulidade deles; ao contrário, Ele deseja proteger a religião para as pessoas e remover qualquer coisa que as faça duvidar ou enfraqueça a fé.
Além disso, se os apóstatas forem negligenciados, esta será uma grande oportunidade para os incrédulos declararem que se tornaram muçulmanos, então falarem palavras de incredulidade e espalharem heresia em segurança, ou declararem claramente que não estão convencidos do Islam, e assim suscitarem dúvidas nas pessoas quanto ao credo, contaminando seus pensamentos e espalhando ideias de descrença entre as pessoas, como é o caso agora em algumas sociedades, por razão da abolição do castigo por apostasia, embora o mal da apostasia seja reduzido por causa de leis que impedem algumas de suas formas.
Em quarto lugar:
Bruxaria e possessão são algo real que não pode ser negado
Com relação à bruxaria, os gênios e a possessão, essas são coisas reconhecidas por todas as nações. Elas são conhecidas pelos judeus, cristãos e outros. Na verdade, é bem sabido que os cristãos e seus monges exageravam sobre esses assuntos; eles se preocupavam excessivamente com isso e focavam neste assunto muito mais do que os muçulmanos. Isso é algo real que não pode ser negado. Talvez você possa assistir a uma sessão de ruqiah em alguém que esteja possuído e testemunhar uma mulher falando com uma voz de homem, que é, sem dúvida, a voz de um homem, talvez falando um idioma diferente do dela, da qual ela não conhecia uma única palavra, dessa forma o gênio fala sobre sua terra, seu idioma e sua religião, e assim por diante. A razão não descarta a existência de criaturas do mundo do oculto que não podemos ver, e não descarta a possibilidade de estas possuírem humanos e obterem controle sobre eles. Além disso, descobrimos que as evidências autênticas afirmam isso claramente. Então, por que alguém iria negar depois de saber disso? Ainda mais, temos testemunhado isso e visto com nossos próprios olhos.
Não pressupomos que você negue a existência dos anjos, embora não possamos vê-los; pelo contrário, acreditamos neles de acordo com as palavras de Allah e as palavras de Seus Mensageiros.
Em quinto lugar:
Alguém tem o direito de objetar às decisões islâmicas com base na razão e dizer que não está convencido delas?
Com relação ao fato de você ter afirmado que, como está convencida do Islam com base em seu raciocínio, você tem o direito de objetar, também com base em seu raciocínio, a algumas das regras do Islam: isso não é correto.
Para explicar melhor:
Sua conclusão baseada na razão de que o Islam é verdadeiro é boa e sólida. Mas aqui termina o papel da razão. Em outras palavras, depois disso, sua razão deve se submeter à revelação, já que sua razão reconheceu ser verdadeira. A razão não tem o direito de se opor aos detalhes do que é declarado nos ensinamentos islâmicos, partindo do pressuposto que a razão já tenha afirmado que o Islam é verdadeiro e saiba que uma determinada questão faz parte do ensinamento islâmico, porque se uma pessoa fizer isso, ela estará minando seu próprio raciocínio.
A razão a levou a concluir que o Alcorão é a palavra e revelação de Allah; que Allah, exaltado seja, é o mais Misericordioso, o Onisciente, o Sapientíssimo; que nosso Profeta Muhammad (que a paz e as bênçãos de Allah estejam sobre ele) é de fato o Mensageiro de Allah. Isso significa que todas as decisões que Allah prescreveu são verdadeiras, justas e misericordiosas. Depois disso, faz sentido objetar a uma decisão que Allah prescreveu ou alegar que sabe algo que Allah não sabia? Isso não é duvidar da própria razão?
O que o muçulmano deve fazer neste caso é perguntar: Esta regra é realmente a regra de Allah?
Se for provado que é a regra de Allah, então, deve-se submeter a ela. Depois disso, não há nada de errado em buscar a sabedoria por trás da prescrição dessa regra, entendê-la e refletir sobre os objetivos implícitos. Mas ninguém pode alegar que é mais sábio do que Allah, ou mais sábio ou mais compassivo do que Ele.
Porém, se a regra não for comprovada no Alcorão ou na sunnah sahiha, então não é uma regra de Allah, e qualquer pessoa que desejar pode objetar a ela.
Você deve entender que o Shaitan está ansioso para afastá-la e privá-la de bênçãos, e ele é o primeiro que despertará dúvidas em você e colocará obstáculos em seu caminho.
Portanto, apresse-se em proferir a declaração dupla de fé e entre no Islam, e esteja certa de que para cada argumento capcioso dirigido contra a verdadeira religião há uma resposta convincente, porque essa religião vem de Allah, o Sapientíssimo, o Onisciente.
Em conclusão: Se você crê em Allah e Seu Mensageiro (que a paz e as bênçãos de Allah estejam sobre ele), você terá certeza de que nenhuma das regras estará desprovida de justiça e sabedoria. Se assumirmos que você acredita, mas desobedece e não segue uma ordem – embora não negue a decisão islâmica – isso é melhor do que permanecer como incrédula.
Portanto, apresse-se em se tornar muçulmana e não adie, pois você não sabe quando sua vida terminará; hoje em dia, as pessoas estão sendo arrancadas ao seu redor, morrendo por doenças ou em acidentes e coisas do tipo.
Não há nada de errado em você esconder o seu Islam, enquanto cumpre os deveres obrigatórios da melhor maneira possível.
Veja as resposta às pergunta n° 175339 .
Pedimos a Allah que esteja satisfeito com você, que a guie, faça com que você entre em Sua religião, complete Sua bênção sobre você e a abençoe com a admissão em al-Firdaws (a parte mais elevada do Paraíso).
Esperamos ouvir em breve as boas novas de que você se tornou muçulmana, pois isso nos traria a maior alegria.
E Allah sabe melhor.
A Fonte:
Islam Q&A