É permitido aceitar presentes de não-muçulmanos?
O princípio básico é que é permitido aceitar presentes de não-muçulmanos, de modo a abrandar os seus corações e tornar o Islam atraente para eles. O Profeta (que a paz e as bênçãos de Allah estejam sobre ele) aceitou presentes de alguns não-muçulmanos, como o presente de al-Muqawqis etc.
Al-Bukhari intitulou um capítulo de seu Sahih: Aceitar presentes dos mushrikin. Ele (que Allah tenha misericórdia dele) disse: Abu Hurairah (que Allah tenha misericórdia) disse, narrando do Profeta (que a paz e as bênçãos de Allah estejam sobre ele): “Ibrahim (que a paz esteja sobre ele) migrou com Sarah e entrou em uma cidade onde havia um rei ou um tirano, e este disse: ‘Dê Hajar a ela (de presente).’”
O Profeta (que a paz e as bênçãos de Allah estejam sobre ele) recebeu como presente uma ovelha (assada) contendo veneno. Abu Humaid disse: O rei de Ailah deu ao Profeta (que a paz e as bênçãos de Allah estejam sobre ele) uma mula branca e uma capa, e escreveu para ele. E ele mencionou a história da mulher judia e seu presente ao Profeta (que a paz e as bênçãos de Allah estejam sobre ele), uma ovelha envenenada.
É permitido a um muçulmano dar presentes a não-muçulmanos?
É permitido a um muçulmano dar presentes a não-muçulmanos e mushrikin, com o objetivo de amolecer os seus corações em relação ao Islam, especialmente se forem parentes ou vizinhos.
‘Umar (que Allah esteja satisfeito com ele) deu um hullah (terno) a seu irmão mushrik em Makkah, como foi narrado por al-Bukhari (2619).
É haram dar presentes no Natal?
Entretanto, não é permitido dar um presente a um não-muçulmano no dia de um de seus festivais, porque isso é considerado como aprovação ou participação na celebração do falso festival.
Se o presente for algo que ajudará na celebração do festival, como comida, velas e coisas do gênero, então é ainda mais haram, e alguns estudiosos consideram que isso é incredulidade.
Al-Zayla’i disse em Tabyin al-Haqaiq (6/228):
“Não é permitido presentear por ocasião de Nayruz e Mahrjan [dois festivais persas não-islâmicos], ou seja, dar presentes nestes dois dias é haram e, na verdade, é incredulidade. Abu Hafs e Kabir (que Allah tenha misericórdia dele) disseram: Se um homem adorasse Allah por cinquenta anos, então no dia de Nayruz ele desse um ovo como presente a um dos mushrikin, pretendendo assim venerar aquele dia, ele teria cometido incredulidade e suas boas ações seriam anuladas. O autor de al-Jami’ al-Asghar disse: Se ele der um presente a outro muçulmano no dia de Nayruz, sem a intenção de venerar esse dia, mas por ser hábito presentear nesse dia, então isso não é considerado incredulidade. Porém, ele não deveria fazer isso naquele dia específico; ele deveria fazê-lo antes ou depois, para não imitar aquelas pessoas. O Mensageiro de Allah (que a paz e as bênçãos de Allah estejam sobre ele) disse: “Quem imita um povo é parte dele.” Foi dito em al-Jami’ al-Asghar: Um homem comprou algo, que não havia comprado antes, no dia de Nayruz. Se ele pretendia venerar esse dia como os mushrikin o veneram, então ele cometeu incredulidade, mas se quis comer, beber ou divertir-se, então não cometeu incredulidade.”
Foi dito em at-Taj wa’l-Iklil (um livro de Maliki – 4/319): “Ibn al-Qasim considerava makruh dar um presente a um cristão por ocasião de seu festival, ou dar folhas de palmeira a um judeu em suas festas.”
Foi dito em al-Iqna’ (um livro Hanbali): “É haram comparecer às festas dos judeus e dos cristãos e vender coisas a eles ou presenteá-los por ocasião das suas festas.”
Além disso, não é permitido a um muçulmano dar um presente a outro muçulmano por causa de algum festival, como afirmado acima ao citar a visão Hanafi.
Shaikh al-Islam Ibn Taimiyah (que Allah tenha misericórdia dele) disse: “Quem tentar presentear os muçulmanos durante esses festivais, ao contrário do que costuma fazer em outras ocasiões, o presente não deve ser aceito, especialmente se o presente for algo que ajuda a imitá-los, como dar velas, etc no Natal, ou dar ovos, leite e cordeiros na quinta-feira santa, que ocorre no final do jejum (ou seja, no final da quaresma). Da mesma forma, nenhum presente deve ser dado a um muçulmano na época destes festivais em razão deste, especialmente se for algo que ajude a imitá-los, como mencionamos.” (Iqtida al-Sirat al-Mustaqim, 1/227)
É haram aceitar presentes de Natal?
No que diz respeito a aceitar um presente de um não-muçulmano no dia do seu festival, não há nada de errado com isso, e isso não é considerado como participação ou aprovação do mesmo, mas deve ser aceito como um ato de bondade, com o objetivo de amolecer seu coração e chamá-lo ao Islam.
Allah permitiu bondade e tratamento justo para com os não-muçulmanos que não estão lutando contra os muçulmanos, como Ele diz (interpretação do significado):
“Allah não vos coíbe de serdes blandiciosos e equânimes para com os que não vos combateram, na religião, e não vos fizeram sair de vossos lares. Por certo, Allah ama os equânimes.” [Al-Mumtahina 60:8]
Mas bondade e tratamento justo não significam amizade e amor, porque não é permitido aceitar um não-muçulmano como amigo ou amá-lo. Allah diz (interpretação do significado):
“Tu não encontrarás um povo, que creia em Allah e no Derradeiro Dia, o qual tenha afeição para quem se oponha a Allah e a Seu Mensageiro, ainda que sejam seus pais ou seus filhos ou seus irmãos ou seus familiares. A esses, Allah prescreveu a Fé nos corações, e amparou-os com Espírito vindo dEle, e fá-los-á entrar em Jardins, abaixo dos quais correm os rios; nesses, serão eternos. Allah Se agradará deles, e eles se agradarão dEle. Esses são o partido de Allah. Ora, por certo, os do partido de Allah, são eles os bem-aventurados..” [Al Mujadilah 58:22]
“Ó vós que credes! Não tomeis Meus inimigos e vossos inimigos por aliados – lançando-lhes afeição, enquanto eles renegam o que vos chegou da Verdade…” [Al-Mumtahanah 60:1]
“Ó vós que credes! Não tomeis por confidentes outros além dos vossos: eles não vos pouparão desventura alguma; almejarão vosso embaraço. De fato, a aversão manifesta-se nas suas bocas, e o que seus peitos escondem é ainda maior. Com efeito, tornamos evidentes, para vós, os sinais. Se razoásseis!” [Aal ‘Imran 3:118]
“E não vos inclineis aos que são injustos, pois, tocar-vos-ia o Fogo, e não teríeis, além de Allah, protetores; em seguida, não seríeis socorridos.” [Hud 11:113]
“Ó vós que credes! Não tomeis por aliados os judeus e os cristãos. Eles são aliados uns aos outros. E quem de vós se alia a eles será deles. Por certo, Allah não guia o povo injusto.” [Al-Maidá 5:51]
Há outras evidências que indicam que é haram aceitar um não-muçulmano como amigo ou amá-lo.
Shaikh al-Islam Ibn Taimiyah (que Allah tenha misericórdia dele) disse:
“Quanto a aceitar um presente deles no dia do festival, citamos acima que ‘Ali ibn Abi Talib recebeu um presente por ocasião do Nayruz e ele o aceitou.
Ibn Abi Shaybah narrou que uma mulher perguntou a ‘Aishah: Temos algumas amas de leite dentre os magos, e elas têm um festival no qual nos trazem presentes. Ela disse: Quanto ao que for abatido naquele dia, não coma, mas coma dos vegetais.
Foi narrado por Abu Barzah que ele tinha alguns vizinhos magos que costumavam trazer-lhe presentes por ocasião do Nayruz e Mahrjan, e ele disse à sua família: Tudo o que for fruta, coma, e tudo o que for diferente, rejeite.
Tudo isto indica que a festa em si não impede a aceitação dos presentes, ao contrário, a regra é a mesma, seja a festa deles ou não, porque isso não envolve ajudá-los com os símbolos da sua incredulidade.
Em seguida, ele ressaltou que a carne abatida por um kitabi (judeu ou cristão) é halal, exceto aquela que é abatida para seus festivais, da qual não é permitido comer. Ele disse (que Allah tenha misericórdia dele): Só é permitido comer da comida do povo do Livro, durante seus festivais, aquilo que não foi abatido para o festival, seja comprado ou recebido como presente. Quanto à carne abatida pelos magos, a regra sobre ela é bem conhecida, ou seja, é haram para todos. Quanto àquilo que é sacrificado pelo povo do Livro em suas festas e aquilo que eles sacrificam como um ato de adoração para se aproximarem de qualquer coisa que não seja Allah, assim como os muçulmanos oferecem sacrifícios como um ato de adoração para se aproximarem de Allah, quer dizer, aquilo que os cristãos sacrificam ao Messias, duas visões foram narradas de Ahmad, a respeito disso, a mais conhecida em seus textos diz que não é permitido comê-lo, mesmo que o nome de algo diferente de Allah não tenha sido mencionado sobre aquilo. A proibição disso foi narrada por ‘Aishah e ‘Abdullah ibn ‘Umar…” (Iqtida’ al-Sirat al-Mustaqim, 1/251)
Conclusão, é permitido que você aceite o presente do seu vizinho cristão no dia da festa, entretanto sujeito às seguintes condições:
- Este presente não deve ser carne abatida para o festival.
- Não deve ser algo que possa servir para ajudar a imitá-los no dia da festa, como velas, ovos, folhas de palmeira etc.
- Você deve explicar aos seus filhos a crença em al-wala wa’l-bara (lealdade e amizade versus rejeição e inimizade), para que o amor por este festival ou o carinho por quem presenteou não sejam instilados em seus corações.
- O presente deve ser aceito com o objetivo de amolecer o coração da pessoa e chamá-la ao Islam, e não por amizade e amor.
Se o presente for algo que não é permitido aceitar, então a recusa em aceitá-lo deve ser acompanhada de uma explicação do motivo pelo qual está sendo recusado, como, por exemplo: “Só recusamos o seu presente porque é carne que foi abatida para a festa, e não nos é permitido comê-la; ou essas coisas só são aceitas por quem participa das comemorações, e não celebramos esta festa, porque não faz parte da nossa religião, e envolve crenças nas quais não acreditamos” e assim por diante. E isto pode ser um ponto de partida para chamá-los ao Islam e explicar o perigo da incredulidade que seguem.
O muçulmano deve se orgulhar da sua religião e aplicar as suas regras, e não deve abandoná-las por timidez ou para impressionar alguém, pois Allah é mais merecedor que nos sintamos tímidos diante d’Ele.
Para mais informações, consulte as respostas: 145950 e 106668.
E Allah sabe mais.